Jay Bhattacharya faz um balanço das medidas contra o coronavírus: “O maior erro que já cometemos”

Um novo vento está soprando dos Estados Unidos em relação às vacinas de mRNA: no início de agosto, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) interrompeu 22 projetos de pesquisa sobre tecnologia de mRNA que deveriam receber um total de US$ 500 milhões em financiamento.
Jay Bhattacharya, diretor do Instituto Nacional de Saúde (NIH), declarou posteriormente em um artigo de opinião no Washington Post que o público em geral desconfia da tecnologia usada para produzir todas as vacinas contra o coronavírus.
Em entrevista ao Die Welt, Bhattacharya reiterou a decisão e criticou duramente as políticas do governo americano anterior em relação ao coronavírus. Ele chamou especificamente os lockdowns de "o maior erro de saúde pública que já cometemos". Ele também argumentou que as vacinas de mRNA foram "superestimadas" para o público, especialmente em relação à sua capacidade de prevenir a infecção e a transmissão da doença.
Grande desconfiança nas vacinas de mRNABhattacharya também criticou o governo Biden por suprimir sistematicamente a discussão sobre os reais danos das vacinas. Houve uma relutância deliberada em conscientizar as pessoas de que os danos existiam — mesmo que existissem. Ele citou o aumento do número de casos de miocardite como exemplo: "As taxas exatas são discutíveis, mas elas ocorreram", disse Bhattacharya.
Segundo Bhattacharya, existem muitos "motivos para desconfiança" em relação às vacinas de mRNA atualmente. "A questão é: vale a pena investir centenas de milhões de dólares em uma plataforma que — mesmo se for bem-sucedida — não será adotada pelas pessoas? Acho que a resposta é não."
Em geral, Bhattacharya expressou dúvidas sobre o benefício fundamental das vacinas de mRNA durante a pandemia: "Acredito que elas foram muito úteis em 2021 para proteger os idosos de um curso fatal da COVID". No entanto, os efeitos positivos em geral foram bastante limitados. "Para as populações mais jovens, as vacinas foram muito menos úteis — talvez completamente inúteis. Para alguns grupos, especialmente homens jovens, elas podem até ter sido prejudiciais, visto que apresentaram as maiores taxas de miocardite. Não havia evidências sólidas de que prevenissem a doença. Se ofereceram alguma proteção, foi de curta duração."
Bhattacharya, economista americano especializado em saúde e professor de medicina e economia na Universidade Stanford, ganhou destaque durante a pandemia do coronavírus como coautor da Declaração de "Great Barrington". Nesta declaração, de outubro de 2020, ele, juntamente com cientistas renomados como o epidemiologista de Harvard Martin Kulldorf e Sunetra Gupta, de Oxford, pediu proteção direcionada a grupos de risco, permitindo, ao mesmo tempo, que pessoas jovens e saudáveis retornem às suas vidas normais para alcançar a imunidade de rebanho.
A declaração atraiu considerável atenção e foi assinada por milhares de cientistas em poucos dias. Em um e-mail de outubro de 2020 divulgado pelo Congresso dos EUA, o então diretor do NIH, Francis Collins, expressou preocupação com a crescente atenção que a declaração estava recebendo — até mesmo de um ganhador do Prêmio Nobel.
Collins pediu a Anthony Fauci, então diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), uma "refutação rápida e contundente" da alegação. Fauci respondeu que a refutação já estava em andamento e anexou dois artigos críticos publicados na Wired e na The Nation, minimizando a importância da declaração sobre "Great Barrington". Postagens nas redes sociais sobre o assunto foram excluídas ou marcadas como "desinformação".
Enquanto isso, o Secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr. e Jay Bhattacharya controlam as autoridades de saúde americanas – uma situação que mudará ainda mais o cenário da política de saúde nos Estados Unidos.
Berliner-zeitung